Os mitos foram as primeiras tentativas da humanidade de entender o mundo. As primeiras culturas, surgidas em 10.000 a.C, já tentavam entender a realidade recorrendo à mitologia. Civilizações sólidas tiveram seu conhecimento baseado nos mitos, como as civilizações grega e egípcia. A civilização grega teve sua cultura fundada pelas obras de Homero (Ilíada e Odisséia). O mito era a forma superior de entendimento da realidade até o surgimento da filosofia e posteriormente da ciência, que colocou a razão e o conceito acima da mitologia. Mas aqueles que consideram o mito coisa do passado ou uma explicação fantasiosa da realidade estão muito enganados.
Os mitos são também formas de conhecimento. Um exemplo disso é o mito da deusa Atena, deusa do conhecimento, da sabedoria e da justiça nascida da cabeça de Zeus, seu pai. Fica implícito neste mito que a sabedoria nasce da cabeça, ou seja, da reflexão e do pensamento. Temos ainda uma licença poética: a sabedoria nasce da cabeça de um deus, e aquele que reflete sobre suas ações faz nascer a sabedoria. A ciência afirma que nosso pensamento vem do cérebro (da cabeça), mas os gregos já sabiam disso desde a antiguidade.
Sigmund Freud mostrou que a razão nunca esteve no comando. Utilizou o mito para demonstrar o funcionamento do inconsciente e mostrou que nossa mente está povoada de forças que governam nossas vidas pelos bastidores. Freud utilizou o mito de Édipo para explicar a paixão do filho pela mãe e o mito de Narciso para explicar a vaidade desmedida. Afirmou que forças arquetípicas e inconscientes decidem por nós. A racionalização dos dias de hoje nos impede de ver a profundidade do conhecimento contido no mito. Mas não se engane, eles são explicações ricas e sofisticadas da realidade, e estão no comando.