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Espinosa: “Tudo está em Deus”.

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Espinosa afirmou que tudo o que existe são variações infinitas de uma única substância, que seria o próprio Deus. Mas afirmar isso era dizer que Deus era também natureza e matéria. Foi acusado de ateísmo e materialismo, uma vez que essa visão é contrária à tradição judaico-cristã. Foi condenado a viver de forma isolada, sobrevivendo do polimento de lentes. Por isso foi chamado de "o polidor de lentes embriagado de Deus".

Da mesma forma que Giornado Bruno(1548 -1600) foi condenado à fogueira por afirmar que o universo é infinito, igualando Deus à natureza, Baruch Espinosa(1632-1677) foi expulso da comunidade judaica e condenado ao ostracismo por afirmar que todas as coisas que existem são variações de uma única substância, que é o próprio Deus. Tanto a visão de Giordano como a de Espinosa são visões panteístas da natureza, ou seja, igualam Deus à natureza. Esta é também uma perspectiva pagã,  algo inaceitável para tradição judaico-cristã.

Deus não é o Deus criador do mundo, como afirmam as religiões monoteístas, nem o Motor Imóvel de Aristóteles, que a tudo movimenta, também não existe uma separação corpo-espírito (duas substâncias) , como afirmou Descartes.  Deus é uma substância única, e todas as coisas que existem são variações dos atributos infinitos dessa substância fundamental.   Deus é o próprio mundo, Deus é a própria natureza. Espinosa declara então: “Tudo o que existe, existe em Deus, e sem Deus nada pode existir nem ser concebido”.  Nossa mente e nosso corpo finitos são apenas dois atributos dessa substância infinita. Para Espinosa, nós somos, vivemos e nos movimentamos em Deus.

Por causa dessa concepção, Espinosa foi considerado, em sua época, um filósofo maldito. Foi acusado de ateísmo, panteísmo e materialismo. Afirmar que Deus também era matéria era uma heresia. Seus livros foram proibidos e mal interpretados. Como todo jovem judeu aprendia um ofício, Espinosa aprendeu a polir lentes e sobreviveu desse ofício até sua morte. Algo muito simbólico para um filósofo que limpou a lente de sua consciência e viu Deus de uma perspectiva totalmente nova. Não sem motivo foi chamado de “o polidor de lentes embriagado de Deus”, e foi o filósofo mais admirado por Albert Einstein.

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