Filosofia, religiosidade e religião
A religiosidade era entendida pelos filósofos antigos como um tipo de maravilhamento diante do mistério da realidade. Iluministas como Rousseau e Voltaire acreditavam que o homem possui religiosidade natural de bases racionais. A religiosidade, para muitos filósofos, pertence à natureza humana e, como conceito filosófico, independe de qualquer religião.
Ainda que religiosos não façam distinção entre religião e religiosidade — e acreditem que só há religiosidade dentro da religião —, são conceitos entendidos atualmente pela filosofia como independentes. Desta forma, é possível ter religiosidade sem religião; participar de alguma religião sem ter religiosidade e possuir religião e religiosidade. Essa independência conceitual permite observar o fenômeno religioso com mais precisão.
A religião sempre teve uma relação conflituosa com a filosofia. O próprio Sócrates foi condenado sob a acusação de não respeitar os deuses de Atenas, o filósofo Giordano Bruno foi julgado e executado pela Inquisição Romana e o poder da religião sobre a filosofia durante a Era Medieval gerou reações negativas nos pensadores da Era Moderna, como o Renascimento.
Apesar disso, pensadores como Averróis, Michel de Montaigne e Arthur Schopenhauer, acreditavam que a religião tem a função de agir como um freio que através do medo organiza o povo e satisfaz os anseios espirituais de forma superficial.
A religião seria dispensável para o indivíduo de razão desenvolvida, pois é dotado de religiosidade natural e autonomia, sendo capaz de agir de forma ética sem tutela religiosa, todavia, ainda assim esse indivíduo pode ter religião, se quiser. Mas nesse caso ela não teria a mesma função que tem para o povo.
Autor: Alfredo Carneiro
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