O ritual da mandala tibetana
A confecção e destruição da mandala tibetana pode ser considerada — pelo menos para nós ocidentais — um ritual dramático. O drama se encontra no fato de destruir uma obra de arte criada com cuidado e talento.
A cultura ocidental busca eternizar suas obras de arte, atribuindo-lhes valor financeiro e cultural. Por isso, o estranhamento da destruição da mandala é um confronto de culturas e valores. A mente ocidental tem dificuldade de compreender que a mandala tibetana de areia é um gesto religioso.
Ao compreender que estamos assistindo a um ritual, e não apenas à criação artística, fica mais fácil captar a mensagem do budismo tibetano.
A mandala está inserida em um contexto filosófico e religioso. Tudo isso faz da mandala de areia um ritual de desapego; esta é a mensagem fundamental. Desfazer a mandala é tão importante quanto fazê-la.
Além de ser um ato ritualístico, é também exercício de meditação que remete ao o fluxo de nascimento e morte no qual estamos inseridos.
A destruição da obra de arte depois de horas de trabalho representa a essência do ritual, onde se afirmam valores espirituais como a efemeridade da vida, a necessidade de desapego, a disciplina e o cuidado em tudo o que se faz, a beleza da vida e da morte e, por fim, o recomeço.
Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.
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