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O Cadarço: a loucura segundo Charles Bukowski

Charles Bukowski

O Cadarço, poema de Charles Bukowski, resume a insanidade do nosso tempo: não são as grandes perdas de nossa vida, mas os milhares de pequenos problemas cotidianos que finalmente nos vencem.

A conta que venceu, a sujeira que acumula, a louça suja de ontem, o trânsito diariamente engarrafado, o relatório que não terminou, o formulário que não foi preenchido. Tudo isso cria a massa recorrente que nos absorve vagarosamente.

As verdadeiras tragédias e as grandes perdas nos marcam profundamente, porém, também carregam em si mesmas um sentido maior. Representam verdadeiro afastamento que permite vislumbrar nossas vidas, mudar direções.

Mas as “pequenas tragédias” — essa infinitude de mediocridade — e a grande importância que lhes damos, acabam tornando nossa própria vida sem sentido. São essas coisas, segundo Bukowski, que mandam um homem para o manicômio.

Trecho do poema O Cadarço, de Charles Bukowski


Charles Bokowski - O Cadarço

Uma mulher, um pneu furado, uma doença,
um desejo; medos em sua frente,
medos que se tornam tão sólidos
que você pode estudá-los
como peças em um tabuleiro de xadrez
Não é a morte de seu amor,
mas um cadarço que se arrebenta
quando nos falta tempo de sobra…
O pânico da vida
É essa multidão de trivialidades
que pode matar mais rápido que o câncer
e que sempre estão nos acontecendo
Não são as coisas grandes
que mandam um homem para o manicômio
Para a morte ele esta preparado
Ou o assassinato, o incesto, o roubo,
o incêndio, a inundação… Não
É a série constante de pequenas tragédias
que mandam um homem para o hospício


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