O filme argentino Medianeras aborda o problema dos relacionamentos na era digital. Apesar do grande aparato tecnológico que nos uniu, não saímos mais do mesmo lugar. Essa ironia é muito bem trabalhada no filme, que propositalmente tem uma “monotonia preguiçosa”, a mesma monotonia que invade os dias do cidadão urbano. É uma crítica ao nosso comportamento atual, esvaziado de sentido, sem um propósito mais amplo ou profundo.
O filme propõe uma solução romântica: o amor. Nesse ponto acredito que o filme tornou-se previsível, a despeito da excelente critica à vida urbana e aos relacionamentos pela internet. Mesmo assim Medianeras é bom, muito simbólico e bem feito.
A busca pelo amor nesse mundo conectado pode tornar-se simplesmente em um paliativo para a solidão ou companheiro para a monotonia. Esse esvaziamento de sentido parece fazer parte de nosso cotidiano, recheado de pequenos lutos insignificantes (lamenta-se a perda do guarda-chuva). O resultado é um comportamento medíocre, que se ressente de pequenas coisas. No final das contas, nossa vida torna-se tão desordenada e irracional quanto o crescimento das cidades em que vivemos.
A modernidade parece apresentar-se muito bem nesse filme, onde nossa vida se integra com as máquinas, mostrando que caímos na armadilha de confundir a ideia mecanicista com o próprio ser humano, retirando nossa profundidade e nos tornando, nós mesmos, máquinas.
Autor: Alfredo Carneiro // Editor do netmundi.org