A falácia do ataque ao argumentador — também conhecida pelo seu nome em latim argumentum ad hominem — é utilizada para fugir do debate ou da conversa atacando a pessoa do argumentador, não o argumento. É uma artimanha muito comum, utilizada na política e no cotidiano. Muitas pessoas utilizam ad hominem mesmo sem conhecimentos sobre falácias, pois este tipo de argumentação brutalizada é tão comum que as pessoas aprendem a utilizá-la intuitivamente.
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Infelizmente, muitos não percebem que se trata de uma falácia e louvam políticos, gurus e intelectuais que a utilizam ostensivamente como forma de parecerem ousados, seguros e inteligentes. Contudo, esse é apenas um artifício para fugir do assunto e transmitir a impressão de argumentação válida. Não acrescenta nada ao debate, além de ser uma maneira de explorar a ingenuidade das pessoas.
Essa falácia assume muitas formas, como por exemplo, atacar a moral do argumentador, sua aparência física, nacionalidade, idade, religião, escolaridade, etc. Tentar desqualificar alguém que não pratica o que diz também pode ser um tipo de ad hominem, pois isso não invalida um argumento correto. Por exemplo: Se um indivíduo que fuma aconselha um amigo alcóolatra a parar de beber para restabelecer sua saúde, pode ser repreendido por não ter “moral” para dar esse conselho, afinal, fumar também faz mal à saúde. Porém, isso não anula a validade do conselho.
Para um argumentador acostumado a utilizar essa falácia, não há limites para a desonestidade e a criatividade. Não importa a autoridade do oponente, muito menos a validade dos argumentos. Qualquer coisa pode ser inventada para atacar o argumentador. Se o oponente não tem formação universitária, isso poderá ser utilizado contra ele alegando que não tem estudo para falar sobre determinado assunto, mas se tem formação e autoridade para falar, será dito que as universidades não prestam, enfim, como em qualquer tipo de falácia, não é a verdade que está em jogo, mas a mentira, a trapaça e a boa e velha malandragem.
Alguns exemplos de ad hominem
- “Me aconselha sobre como educar meus filhos, mas é divorciado.”
- “Diz para ter paciência com minha esposa, mas é padre.”
- “Já trabalhou em madeireira e fica defendendo causas ecológicas.”
- “Me aconselha a estudar, mas é burro.”
- “Me sugere fazer dieta, mas é gordo.”
- “Me aconselha a fazer exercícios físicos, mas é preguiçoso.”
- “Isso não pode ser verdade, pois você é um idiota, não sabe o que diz.”
- “Vocês vão acreditar em mim ou nesse vigarista?”
- “Ela lhe aconselhou a se divorciar só porque não é casada.”
- “Não tem formação universitária e gosta de falar da importância da universidade.”
Esses podem ser considerados exemplos de argumentação ad hominem, pois encerram abruptamente o assunto e negam o diálogo. O uso de palavrões e xingamentos também é uma forma de fugir do assunto e transmitir falsa superioridade, diminuindo e humilhando o oponente.
- Sugestão de leitura
Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.