“Felicidade” (Happiness, 2017) é um curta de animação do ilustrador e animador inglês Steve Cutts, que nos convida a refletir sobre o estilo de vida excessivamente consumista das grandes cidades.
Conforme alertava o filósofo Zygmunt Bauman, a capacidade de ser, atualmente, está atrelada à capacidade de consumir. Para que isso ocorra em larga escala, é necessário uma atividade midiática que conecta a felicidade ao consumismo.
A constante exposição de propagandas causa um anestesiamento que esconde seus efeitos nocivos, como a falta de reflexão, fazendo acreditar que a felicidade será conseguida através da compra de produtos e serviços.
A quantidade de energia utilizada nessa busca causa esgotamento físico e mental, pois encontrar a felicidade dos anúncios é impossível: são milhares de produtos, propostas, padrões estéticos e serviços que devem ser perseguidos. E quando um deles é alcançado, surge outro nível (seja de qualidade ou de quantidade).
Até mesmo o desgaste físico e emocional irá encontrar no consumismo sua solução, como é o caso dos antidepressivos, vitaminas e anestésicos. Esse é o momento da indústria farmacêutica lucrar com a busca pela felicidade.
Esse esquema midiático, batizado pelos filósofos Adorno e Horkmeier de Indústria Cultural, está ligado à arte, que tem função essencial dentro do capitalismo — não apenas na produção de anúncios, mas também de filmes, programas de TV, revistas, jornais, música e teatro.
Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.
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