As obras-primas de Leonardo da Vinci já seriam suficientes para colocá-lo entre os artistas mais talentosos e influentes de todos os tempos. Contudo, sua fama de gênio universal tem origem nos esboços, desenhos, invenções e anotações registradas em seus cadernos de estudo, que foram publicados apenas séculos após sua morte.
Os cadernos tinham ainda um detalhe excêntrico: foram escritos de forma invertida. Assim, as anotações só podem ser lidas se colocadas na frente de um espelho.
Esses cadernos continham pesquisas sobre anatomia, ideias para futuras obras, projetos de engenharia e arquitetura, armamentos, esquemas de aviação, submarinos, sistemas hidráulicos, estudos da natureza e outras invenções.
Vários detalhes que surgem em seus quadros também estão presentes nos cadernos, como desenhos de mãos, olhares e posturas corporais. Os estudos de anatomia também revelam que Leonardo da Vinci participou da dissecação de corpos de pessoas e animais, e são considerados revolucionários para a época.
Se por um lado Leonardo produziu apenas cerca de vinte obras-primas confirmadas, como a Mona Lisa e A Última Ceia, por outro, deixou registrado em seus cadernos muitos projetos e estudos impressionantes, alguns futuristas e visionários.
Os cadernos evidenciaram os múltiplos talentos de Da Vinci, gerando sua fama de polímata e gênio universal, além da suposição de que produziu poucas pinturas pelo fato de estar sempre envolvido com vários outros interesses.
Por isso, também era conhecido como um notório procrastinador, atrasando encomendas de quadros e deixando projetos inacabados. Seus cadernos, de certa forma, explicam porque um artista tão talentoso não produziu mais pinturas, revelando que ele era também cientista, inventor, engenheiro, anatomista e matemático.
A mais valiosa coleção de manuscritos de Leonardo é o Côdéx Lêicêster, com 72 páginas de estudos sobre a natureza, como propriedades do ar e da água, e anotações sobre o brilho da lua. Foi comprado pelo bilionário americano Bill Gates em 1994 por US$ 30,8 milhões.
Quando seus cadernos foram publicados, boa parte de suas invenções já haviam sido idealizadas e construídas por outras pessoas. Desta forma, não se pode creditar a Leonardo da Vinci alguma influência nesses avanços tecnológicos. Mesmo assim, os cadernos atestam sua impressionante inspiração visionária.