A água da vida: metáfora sobre o egoísmo
A água da vida, desejando tornar-se conhecida, jorrava de um poço e corria sem esforço nem restrições. As pessoas vinham beber a água mágica e ficavam nutridas, pois era limpa, pura e revigorante.
Mas a humanidade não se contentou em deixar as coisas nesse estado paradisíaco. Gradativamente começou a murar o poço, cobrar entrada, reivindicar a posse da propriedade, criar leis elaboradas sobre quem teria acesso, colocar cadeados nos portões.
Logo o poço se tornava propriedade dos poderosos. A água ficou zangada e ofendida; parou de correr e foi jorrar em outro lugar.
Os proprietários ao redor do primeiro poço estavam tão entretidos com seus sistemas de poder que não perceberam que a água havia desaparecido. Continuaram vendendo a água inexistente, e poucos perceberam que o verdadeiro poder não existia mais.
Mas algumas pessoas insatisfeitas muniram-se de grande coragem e foram em busca do novo poço, que também caiu sob o controle de novos proprietários, e o mesmo destino se abateu sobre ele.
A fonte tornou a se transferir para outro lugar — e assim a história vem se repetindo. Essa é uma história que mostra como uma verdade fundamental pode ser mal usada e distorcida num jogo egocêntrico.
Segundo dizem, essa era uma das metáforas favoritas do famoso psiquiatra Carl Gustav Jung. Mas a maravilha da história é que a água está sempre correndo em algum lugar e está disponível a qualquer pessoa inteligente que tenha a coragem de procurar a água da vida na sua forma atual.
A água tem sido frequentemente usada como símbolo do mais profundo alimento espiritual da humanidade. Hoje ela também está jorrando, como sempre, pois o poço é fiel à sua missão; mas a água jorra em alguns lugares esquisitos. Muitas vezes parou de jorrar nos locais costumeiros, reaparecendo em lugares surpreendentes.
Autor: Robert A. Johnson
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