Schopenhauer e a vontade de um mundo sem sentido
Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi um filósofo que apresentou ao mundo um pensamento forte e original, destoando do pensamento filosófico de sua época. A filosofia até então valorizava a razão e havia descoberto o “eu” (penso, logo existo). Dentro do contexto da filosofia moderna (séc. XV ao XIX), a razão era a “salvadora da pátria”, seria ela que finalmente levaria a humanidade a um destino glorioso.
Schopenhauer e a razão
No entanto, para Schopenhauer a razão não era mais que um livro-caixa, que registra entradas e saídas de mercadorias. Para ele, a razão de forma alguma direciona nossas ações. Ela pode auxiliar o comerciante a se organizar e criar estratégias de vendas, mas o que o motiva, o que o faz agir, pode ser o desejo de poder, o orgulho, o amor de uma mulher ou a proteção de sua família, enfim, algo arraigado em níveis mais profundos. O que é esse algo? Schopenhauer chamou esse algo de vontade.
O mundo é vontade
O mundo é vontade. Vontade de viver, vontade de vencer, vontade de amar e ser amado. A vontade, muito além da razão humana, se estende a toda a natureza, que nos demonstra todos os dias que a vontade, irracional e cega, move todos os seres vivos. Todos os seres lutam por sua vida, desde insetos até as plantas, e o ser humano não está além da natureza. A razão iludiu o homem com a sensação de poder e domínio, mas Schopenhauer mostrou que o ser humano mal tem o domínio de si mesmo, sendo ele mesmo movido por uma vontade irracional. Descartes descobriu o “eu”, e Schopenhauer mostrou que não temos controle algum sobre este “eu”.
A vontade é irracional
Schopenhauer chegou a esta conclusão depois de voltar seu pensamento para nosso mundo interior, onde observou o movimento de forças irracionais e poderosas que dão energia a todo o teatro humano. Ele ainda faz outra afirmação ousada: a vontade que move o mundo não tem um objetivo elevado, ou um sentido maior. O mundo movido por esta força irracional e sem sentido seria, ele mesmo, sem sentido profundo algum. Resta ao homem a coragem de aceitar esse fato ou se refugiar de forma ilusória naquilo que Schopenhauer chamou de “metafísicas populares”, as religiões.
Esta nova perspectiva filosófica provocou grande impacto em Nietzsche e posteriormente em Freud, que deram prosseguimento à observação destas forças inconscientes que direcionam as ações humanas. Schopenhauer é considerado um dos precursores da psicanálise e teve o mérito de descortinar o grande teatro de marionetes da vida.
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Autor: Alfredo Carneiro
Editor do netmundi.org
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