Melisso de Samos (470 a.C – data da morte incerta) foi um filósofo pré-socrático seguidor da doutrina de Parmênides. É considerado o terceiro membro da escola eleática; escreveu um poema intitulado Sobre a Natureza ou Sobre o Ser, do qual restaram alguns fragmentos. Além de filósofo, foi general e lutou contra Atenas na Guerra Sâmia.
Melisso modificou a noção da escola eleática a respeito dos atributos do Ser. Para Parmênides o Ser é finito e completo, enquanto que, para Melisso, o Ser é infinito, conforme mostra o fragmento 2:
Visto, pois não ter sido gerado, mas é, sempre foi e sempre há de ser, e não tem princípio nem fim, mas é ilimitado. É que, se tivesse nascido, teria tido um começo (pois teria, em determinada altura, começado a existir) e um fim (pois teria, em determinada altura, deixado de existir). Mas como não teve começo nem fim, sempre foi e sempre há de ser; pois o que não é todo não pode ser sempre.
De acordo com Melisso, se o Ser fosse finito deveria ter um limite, contudo, esse limite deveria ser outro Ser, o que implicaria multiplicidade ou vazio: o não-ser. Como o vazio enquanto não-ser é impossível para escola eleática, o Ser é necessariamente infinito.
Ainda assim, Melisso assume quase todas as ideias do pensamento de Parmênides e concorda que o Ser não pode nascer, pois se surgisse, deveria surgir do nada, mas isto é impossível, pois algo não pode nascer do que não existe.
A importância dos pré-socráticos
O termo pré-socrático carrega certo preconceito: é entendido como reflexão filosófica inicial que só irá amadurecer com Sócrates, Platão e Aristóteles. Também é pouco creditado aos pré-socráticos as bases que irão definir todo o pensamento ocidental depois deles.
Esse preconceito não condiz com a importância desses primeiros filósofos, que representam a aurora não apenas da Filosofia, mas da própria razão humana. Foram eles que criaram os conceitos universais que seriam utilizados posteriormente na ciência, bem como vários modelos utilizados pelos filósofos depois deles, inclusive Platão.
Alguns estudiosos desse período, como John Burnet, afirmam que os pré-socráticos representam uma sofisticada abstração que não deve ser interpretada como “filosofia inicial”, e só deveriam ser estudados depois de percorrida a longa estrada da filosofia.
- Sugestão de Leitura:
Dentre os pré-socráticos estão
- Escola de Mileto
- Escola Jônica
- Escola Pitagórica
- Escola Eleática
- Escola Pluralista
Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.
Referência Bibliográfica
- DUMONT, J. P. Elementos de história da filosofia antiga. Brasília: EdUnB, 2005.
- HADOT, P. O que é a Filosofia antiga? São Paulo: Lisboa, 1999.
- SCHOFIELD, M. Os Filósofos pré-socráticos. Lisboa: Calouste, 1994