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Iluminismo: resumo, filósofos e características

Iluminismo - A Era das Luzes ou Era da Razão

O Iluminismo, também conhecido como Século das Luzes, foi um movimento cultural, intelectual e filosófico que emergiu na Europa durante o século XVIII. Os pensadores Iluministas acreditavam que apenas a razão poderia superar nossos maiores desafios e organizar a sociedade de forma justa e próspera. Além disso, o iluminismo representou uma reação contra a autoridade da Igreja e do poder absoluto dos reis. Ainda que a influência de pensadores de vários países europeus tenha sido crucial, a França assumiu o protagonismo do movimento iluminista.

Iluminismo: contexto histórico e resumo


O Iluminismo foi precedido pelo Renascimento, movimento cultural surgido na Itália entre os séculos XIV e XVII. A valorização da dignidade humana, a redescoberta das antigas obras greco-romanas e o florescimento artístico e científico estabeleceram as bases para o futuro período Iluminista.

Assim, o Iluminismo irá emergir em um contexto histórico pós-Idade Média, em que a influência da Igreja e o absolutismo dos monarcas moldavam a vida das pessoas, contudo, já enfrentavam resistência de muitos intelectuais. Assim, com o surgimento dos avanços científicos em vários países europeus e a propagação das ideias humanistas, uma nova mentalidade começou a se formar.

A chegada do século XVIII aprofundou essas transformações em diversas áreas, desde a política e a economia até a arte e a ciência. Este será, de fato, o século do Iluminismo. A Revolução Científica, que teve início no século anterior com pensadores como Galileu e Newton, desafiou as visões religiosas do mundo e propôs uma nova forma de entender a natureza através da observação e da experimentação.

Ademais, o crescimento do comércio e da indústria criou o ambiente propício para o florescimento das ideias iluministas. Como resultado, surgia uma nova classe social, a burguesia, que era detentora de poder econômico, mas não de poder político. A burguesia reagia aos privilégios da aristocracia e do clero. As novas perspectivas éticas, políticas e econômicas não eram mais compatíveis com dogmas religiosos e reis absolutistas; a ciência não poderia mais se submeter à autoridade da Igreja.

O mercantilismo, marcado pela intervenção absoluta dos governantes, passa a ser questionado em prol do liberalismo econômico: o Estado não deveria mais intervir na economia (essa é ideia fundamental do filósofo e economista Adam Smith, um dos representantes do iluminismo).

O termo “Era das Trevas” ou “Idade das Trevas”, utilizado normalmente para se referir ao Período Medieval, foi cunhado pelos pensadores iluministas para se contrapor a este novo período da história da humanidade que seria guiado pela luz da razão.

O Iluminismo e a Enciclopédia


Em 1751 foi publicado o primeiro volume da Enciclopédia pelos filósofos franceses Denis Diderot e Jean D’Alembert. Representou um marco do iluminismo e tinha o objetivo de tornar o conhecimento acessível a todos, promovendo assim o esclarecimento dos indivíduos e o avanço social. Alguns pensadores iluministas que escreveram para Enciclopédia foram: Jean-Jacques Rousseau, Voltaire e Montesquieu.

Essa obra monumental não se limitou a compilar informações, mas também promoveu a crítica e o debate intelectual. Obviamente, pela sua defesa da secularização, sofreu várias tentativas de censura e chegou a ser distribuída clandestinamente, pois tirava a primazia da teologia e priorizava a razão e a ciência, além de questionar a autoridade dos monarcas.

Abrangeu uma ampla gama de assuntos, desde as ciências naturais e humanas até artes e ofícios, contribuindo para a disseminação dos valores iluministas que desempenharam um papel crucial na transformação da sociedade da época. Com efeito, a Enciclopédia enquanto ideal de difusão de conhecimento para todos, continua a ser um testemunho duradouro da influência do Iluminismo na formação de uma sociedade baseada na razão, na tolerância e no progresso.

Características do Iluminismo


O Iluminismo foi marcado por diversas características distintas, que refletiam seu espírito questionador e reformista. Vejamos algumas delas:

Primazia da Razão: Durante o Iluminismo, a razão foi exaltada como a principal fonte de conhecimento e sabedoria. Filósofos como Descartes e Kant argumentaram que a razão humana era a ferramenta essencial para discernir a verdade, eclipsando a autoridade da tradição religiosa ou “revelação divina”. Em resumo, a confiança na capacidade da razão de questionar, analisar e compreender o mundo tornou-se um pilar do movimento iluminista.

Críticas à Religião: Filósofos como Voltaire, Diderot e Hume argumentaram contra o fanatismo religioso, e a influência excessiva da igreja nas questões seculares. Dessa forma, criticavam os privilégios do Clero e da Igreja. Promoveram a liberdade de pensamento, atacando os aspectos dogmáticos da fé e destacando a importância da razão como guia para a compreensão do mundo. Essas críticas ajudaram a estabelecer a base para o secularismo moderno e a separação entre Igreja e Estado.

Valorização da Ciência: O Iluminismo promoveu a valorização da ciência e do método científico como meios fundamentais para a investigação e a compreensão do mundo natural. A Revolução Científica, anterior ao Iluminismo, havia demonstrado a eficácia do método científico, inspirando os filósofos iluministas a defenderem a aplicação desse método para resolver problemas sociais e melhorar a condição humana.

Promoção do Liberalismo: O liberalismo, um dos temas centrais do Iluminismo, advogava a liberdade individual, a propriedade privada e a limitação do poder do Estado. Filósofos como John Locke e Rousseau argumentavam que os governos deveriam ser construídos com base no consentimento dos governados e que os direitos naturais, como a vida, a liberdade e a propriedade, deveriam ser protegidos. Adam Smith, com sua obra A Riqueza das Nações, é o maior exemplo do liberalismo econômico.

Valorização da Educação: Acreditava-se que a educação era uma ferramenta essencial para a transformação do indivíduo e da sociedade. Os iluministas, como Rousseau e Voltaire, enfatizaram a importância da educação pública e da disseminação do conhecimento como meios para promover o progresso, a civilização e o desenvolvimento intelectual. Inegavelmente, uma das maiores intervenções nesse sentido foi a publicação da Enciclopédia.

Otimismo: O Iluminismo caracterizou-se por um otimismo generalizado em relação ao progresso humano. A crença na capacidade da humanidade de superar obstáculos e melhorar sua condição por meio da razão, da ciência e da educação, estava no cerne do movimento.

Crítica Social: De acordo com o que foi dito até aqui, os filósofos iluministas frequentemente lançavam críticas contundentes às injustiças da sociedade e ao absolutismo dos reis. Montesquieu criticou a desigualdade do poder político; Rousseau abordou a desigualdade social e Voltaire denunciou a intolerância religiosa (apenas para citar alguns exemplos). Essas críticas foram fundamentais para a promoção das reformas sociais e políticas que ocorreram posteriormente.

O Despotismo Esclarecido


José II da Áustria foi um dos monarcas que buscaram implementar princípios iluministas em seu governo.

Alguns monarcas, durante o século XVIII, adotaram princípios iluministas em suas políticas buscando modernizar seus governos, promovendo reformas sociais, mantendo, no entanto, seu controle absoluto sobre o poder.

Embora tenha representado um passo em direção à racionalidade e ao progresso, o despotismo esclarecido gerou questionamentos sobre a validade da monarquia, afinal, o despotismo (ainda que “esclarecido”) não é compatível com o iluminismo. De fato, o poder centrado nas mãos de um rei e a participação popular dificilmente podem ser conciliados.

Alguns exemplos de despotismo esclarecido:

Pensadores iluministas: ideias e galeria de imagens


O Iluminismo foi marcado por uma série de pensadores brilhantes que, através de suas obras, abordaram diferentes aspectos das sociedades europeias. Dessa forma, desempenharam papéis significativos na transformação do pensamento e na promoção dos princípios iluministas de razão, liberdade, igualdade e progresso. Suas ideias continuam a influenciar e inspirar pensadores em todo o mundo. Alguns dos mais notáveis filósofos iluministas são:

Galeria: Principais filósofos do iluminismo


Influências na Era Contemporânea


A influência do Iluminismo na Era Contemporânea é inegável e moldou os sistemas políticos, sociais e intelectuais em todo o mundo. Os ideais de razão, liberdade, progresso e igualdade desempenharam papel fundamental na Revolução Francesa, um evento de importância monumental no início do século XIX que lançou as bases das políticas modernas, como o liberalismo econômico e o nacionalismo.

Além disso, o Iluminismo influenciou o desenvolvimento das constituições democráticas, a separação de poderes e a proteção dos direitos individuais em várias nações. Com toda certeza, o pensamento iluminista teve um impacto duradouro nas esferas da filosofia, da ciência e da cultura, promovendo o ceticismo em relação às autoridades tradicionais e religiosas. Ao longo da Era Contemporânea, esses princípios iluministas continuaram a inspirar movimentos de reforma social, lutas por direitos civis e o avanço da ciência, demonstrando sua relevância na evolução das sociedades.

O Iluminismo no Brasil


José Bonifácio utilizou as ideias do Iluminismo no processo de Independência do Brasil.

O Iluminismo exerceu influência no Brasil durante o período colonial e início do Império, inspirando figuras como José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como o “Patriarca da Independência”, e Tiradentes, um dos líderes da Inconfidência Mineira.

As ideias iluministas chegaram ao Brasil através de estudantes brasileiros que viajavam para a Europa, bem como de exemplares da Enciclopédia que eram contrabandeados durante o período colonial. Obviamente, o contato com essas ideias motivaram o desejo por mudanças. A Universidade de Coimbra, em Lisboa (onde estudou José Bonifácio) exerceu papel fundamental na difusão do iluminismo em nosso país.

AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.

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