FILOSOFIA

A Revolução dos Bichos: uma fábula política.

a revolução dos bichos

A Revolução dos Bichos é um livro escrito por George Orwell para denunciar os mecanismos de poder da União Soviética, surgida após a Revolução Russa de 1917.

Orwell é também o autor do livro 1984, origem do termo “Big Brother”, e autor da expressão “Guerra Fria”, amplamente utilizada como referência à tensão internacional ocorrida após a Segunda Guerra Mundial.

O escritor serviu na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), onde sofreu repressão da polícia secreta da União Soviética, enviada por Stalin para defender seus interesses. Orwell  viu de perto os métodos utilizados pelos russos e esse livro foi escrito para atacar o “mito soviético”.

No entanto, a forma alegórica utilizada para escrever A Revolução do Bichos fez o livro transcender seu objetivo inicial, podendo ser aplicado a outros governos totalitários — como China, Coreia do Norte, Cuba, Iraque, Zimbábue e outros.

É uma fábula política que denuncia a farsa dos ideais igualitários, que iniciam enaltecendo justiça e igualdade, contudo, terminam com o lema: “alguns são mais iguais que outros”.

O livro narra a tomada de poder de uma granja, administrada pelo cruel Sr. Jones. Inicialmente, a revolução foi estimulada por Major, um velho e sábio porco (personagem inspirado em Karl Marx), que antes de morrer exortou a luta pela liberdade e a declaração de guerra contra os humanos.

Influenciados por Major e oprimidos pela fome e pelos maus tratos, os bichos da granja, liderados pelos porcos, conseguem expulsar o Sr. Jones.  Uma grande esperança no futuro toma conta de todos, e os animais passam a trabalhar duro para produzir alimento.

Eventuais batalhas e mortes ocorrem quando o antigo dono da granja e outros fazendeiros tentam tomar a propriedade de volta. A vida era difícil, porém, todos estavam dispostos a morrer pela causa.

Os porcos eram mais inteligentes e aprenderam a ler e escrever. Anotaram no fundo do celeiro os mandamentos da  revolução, entre eles, o mais importante: “Todos os animais são iguais”.

Qualquer discordância com Stalin era considerada crime e passível de execução, sendo entendida como traição ou conspiração contra o regime soviético. O ditador promoveu assassinatos de integrantes do partido comunista da união soviética, execuções em massa e alterações de registros históricos. Acusações mentirosas e falsificações de documentos eram justificativas para execução de opositores. Também promovia o "culto da personalidade". De acordo com a Wikipédia, "Após a extinção do regime comunista na União Soviética, historiadores passaram a estimar que, excluindo os que morreram por fome, entre 4-10 milhões de pessoas morreram sob o regime de Stalin".

Discordâncias com Stalin podiam ser entendidas como conspiração contra o regime soviético,  portanto, passível de execução. Ordenou assassinatos de integrantes do próprio partido, execuções em massa e alterações de registros históricos. Também promovia o culto à sua personalidade. Após a extinção do regime comunista, historiadores estimaram que, excluindo os que morreram de fome, milhões de pessoas morreram executadas.

As ovelhas, os cavalos, as galinhas e as vacas não conseguiam aprender a ler e passaram a fazer tudo que os porcos mandavam. Com o tempo, os melhores alimentos eram separados para os porcos, que alegavam ter um intenso trabalho intelectual e precisavam se alimentar melhor.

Os  porcos passaram a exigir outras regalias, alegando sempre a mesma desculpa,  enquanto outros animais trabalhavam mais e passavam fome.

Os mandamentos da granja eram aos poucos alterados pelos porcos, e não tardaram  a acontecer conspirações e traições entre eles, culminando na tentativa de assassinato de um dos líderes.

Os porcos apresentavam estatísticas mentirosas  para provar que a granja produzia cada vez mais alimentos, apesar da fome de todos  — menos dos porcos.

Os acusados de traição eram sumariamente executados. O terror se instaurou na granja dos bichos e os outros animais não sabiam mais pelo que tinham lutado, pois a vida parecia tão dura quanto era antes da revolução.

Os porcos distorciam os fatos e alteravam a história da revolução, transformando heróis em traidores. Inventavam mentiras, que com o tempo eram aceitas pelos outros animais.

O líder dos porcos passou a se conceder honrarias e títulos pomposos, seus filhos eram criados separadamente, recebendo instrução e conforto. Todos os outros animais eram mantidos no isolamento e na ignorância.

O principal mandamento da granja foi alterado pelos porcos para “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”.

A morte do ditador da Coréia do Norte, Kim Jong-il, em 2011, mostrou até que ponto o isolamento e a alienação de um povo são úteis aos ditadores. Durante seu funeral o povo se comportava de forma desesperada, como se um deus tivesse morrido. O culto à personalidade do ditador é comum em regimes opressores, e Kim Jong-il se concedia os títulos de "Querido Líder", "Comandante Supremo" e "Nosso Pai". No entanto, seu filho Kim Jong-un estudou na Suíça, visitou a Disney japonesa e foi declarado "Lider Supremo" após a morte do pai. O Líder dos porcos na "Revolução dos Bichos" utiliza a mesma tática.

A morte do ditador da Coréia do Norte, Kim Jong-il, em 2011, mostrou como o isolamento e a alienação são úteis aos ditadores. Durante o funeral, o povo se comportava de forma desesperada. O culto à personalidade do ditador é comum em regimes totalitários, e Kim Jong-il se concedia os títulos de “Querido Líder”, “Comandante Supremo” e “Nosso Pai”. Contudo, seu filho Kim Jong-un estudou na Suíça, visitou a Disney japonesa e foi declarado “Lider Supremo” após a morte do pai. O líder dos porcos na “Revolução dos Bichos” utiliza a mesma estratégia.

O livro A Revolução dos Bichos tornou-se publicação clandestina distribuída nos países do bloco soviético. Até hoje é proibido na China e Coréia do Norte por motivos óbvios.

É uma leitura indispensável para quem deseja entender o totalitarismo, bem como perceber os objetivos ocultos das ditaduras e governos tirânicos.

AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.

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