FILOSOFIA

A lápide e a escada de Wittgenstein

A lápide e a escada de wittgenstein

Wittgenstein é considerado uma das mentes brilhantes do século XX. Suas investigações filosóficas deram um novo rumo à filosofia, que passou a investigar a linguagem. Era um lógico brilhante e um filósofo obcecado. Em vez de investigar as proposições da filosofia, investigou a proposição em si, avaliando a forma como usamos a linguagem. Morreu antes de seu mestre, o filósofo Bertrand Russell (este viveu até demais).

A lápide de seu túmulo, em Cambridge, possui a miniatura de uma escada no canto superior. É uma lápide  simples, sem adornos e despojada, o que está de acordo com a vida e a filosofia de Wittgenstein. A pequena escada tem uma história, faz referência ao parágrafo 6.54 de seu livro, o Tractatus Logico-Philosophicus, que diz:

6. 54   Minhas proposições se esclarecem dessa maneira: quem me entende acaba por reconhecê-las como contrassensos, após ter escalado através delas – por elas – para além delas. (Deve, por assim dizer, jogar fora a escada após ter subido por ela.) Deve sobrepujar essas proposições, e então verá o mundo corretamente.

O último parágrafo do livro segue logo após o 6.54. É o parágrafo 7, onde Wittgenstein sugere que, tendo compreendido o mundo corretamente, não existiriam mais recursos linguísticos para se expressar. A escada foi jogada fora, a compreensão atingida é inexprimível, esse parágrafo é a sua conclusão:

7    Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar.

Leia Também

Autor: Alfredo Carneiro
Editor do netmundi.org
twitter:@alfredo_mrc