O que é Relativismo?
O relativismo consiste na afirmação do caráter relativo do conhecimento humano, negando a possibilidade de existir qualquer conhecimento absoluto das coisas. Nesse sentido, a verdade seria apenas convenção social que varia de acordo com contextos socioculturais. Essa perspectiva tornou-se notória na antiguidade entre os filósofos sofistas, em especial Protágoras de Abdera (481 – 402 a.C), cujo relativismo se resume na famosa máxima: “O homem é a medida de todas as coisas”. Todavia, o relativismo, mesmo em Protágoras, não significa que “cada pessoa tem sua verdade”, mas sim que não existem verdades absolutas no conhecimento humano.
Por isso o relativismo está mais ligado à impossibilidade de verdades universais ou absolutas do que ao subjetivismo (em que cada um julga baseado em experiências pessoais). Relativismo e subjetivismo se relacionam, contudo, não têm o mesmo sentido.
Porém, da mesma forma que a ideia de verdade absoluta é combatida pelo relativismo, a própria ideia do relativismo absoluto é problemática: afirmar que tudo é relativo já estabelece uma verdade absoluta, o que é evidente contradição.
Além do mais, o relativismo absoluto levaria à variedade de interpretações do mundo de acordo com cada grupo social, impossibilitando o debate amplo sobre a ética e outras questões que interessam a toda humanidade. Essa era justamente a crítica de Platão aos sofistas, além da acusação de que manipulavam a verdade “como malabaristas” buscando poder e prestígio, não se importando com a verdadeira busca filosófica.
O relativismo, assim como os próprios sofistas, está normalmente associado às falácias, que são formas de distorcer fatos e argumentos — por isso são também chamadas de sofismas. Para Platão, as ideias absolutas ou perfeitas são uma necessidade; sem elas a filosofia torna-se mera habilidade retórica, e a verdade seria aquela do discurso vencedor. Apesar das várias tentativas de desqualificar o relativismo, ele ainda é tema recorrente na filosofia contemporânea, afinal, também a ideia de verdade absoluta não é consenso entre os filósofos.
Para o pensador alemão Friedrich Nietzsche, esse embate esconderia aspectos sombrios do espírito humano: enquanto o relativismo de nosso tempo seria fruto “do egoísmo dos povos”, a verdade absoluta seria fuga da realidade através da metafísica (seja religiosa ou filosófica). Tanto um quanto outro seriam negação do mundo, pois a existência concreta quase sempre é desconfortável, nos faltando coragem para aceitar e viver esse fato. Por isso declarou de forma irônica: “Da verdade mesmo nunca ninguém quis saber”.
- Sugestão de leitura
Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.
Referências Bibliográficas
- DUMONT, J. P. Elementos de história da filosofia antiga. Brasília: EdUnB, 2005.
- SCHOPKE, Regina. Dicionário Filosófico. São Paulo: Martins Fontes, 2010.