História da Filosofia | Resumo, ideias e filósofos
A história da filosofia ocidental possui características que se modificaram no decorrer dos séculos. Essas mudanças de objetivo não ocorreram por acaso, mas foram o resultado do confronto de ideias e das transformações nas sociedades, que estão sempre apresentando novos desafios aos filósofos. As respostas dos pensadores a esses desafios representam a aventura do pensamento humano ao longo dos séculos.
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Afinal, onde surgiu a filosofia? A filosofia surgiu na Grécia, ou melhor, nas colônias gregas da Ásia, no século VI a.C., e se estendeu até VI d.C., quando da queda do Império Romano e da ascensão do cristianismo. Esse é o período da Filosofia Antiga. A Filosofia Medieval representa a história da filosofia cristã. Vai do século V até o Século XV. A filosofia Moderna, por sua vez, começa a surgir com o renascimento e se consolida com Descartes, passando pelo Iluminismo e indo até a Revolução Francesa. Seu período será entre os séculos XV e XVIII.
Já a Filosofia Contemporânea, surgida no final do Século XVIII, se estende até hoje. A chamada “filosofia pós-moderna” foi incorporada pela filosofia contemporânea reunindo os pensadores da últimas décadas.
Essa breve história da filosofia, apresentada abaixo, busca mostrar apenas as características que a filosofia assumiu ao longo dos séculos, e não, obviamente, os detalhes das teorias de cada filósofo.
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Filosofia Antiga
A filosofia surgiu na Grécia, ou melhor, nas colônias gregas da Ásia, no século VI a.C., e se estendeu até VI d.C., quando da queda do Império Romano e da ascensão do cristianismo. São mil e duzentos anos de história da filosofia antiga.
A Filosofia Antiga se divide em dois momentos importantes. O primeiro, com os pré-socráticos, os primeiros filósofos, que voltaram seu pensamento para a investigação da natureza, ou seja, para a cosmologia.
Esses primeiros pensadores buscavam identificar qual o elemento físico primordial da natureza, e suas conclusões variaram entre a água, o fogo, o átomo, entre outros. Tales de Mileto, Pitágoras, Heráclito e Parmênides estão entre os primeiros filósofos, junto com vários outros. Essa é considerada a primeira fase da filosofia antiga.
O segundo momento da filosofia antiga foi iniciado por Sócrates, Platão e Aristóteles, quando a filosofia se volta para o conhecimento do homem. Essa passagem da cosmologia para a investigação do homem ficou conhecida como Virada Antropológica. A partir desse momento, os pensadores irão voltar sua atenção para a ética, a natureza humana, a sabedoria de vida e o conhecimento de si mesmo.
Também faz parte desse segundo momento a filosofia helenística, surgida após as conquistas de Alexandre, o Grande. O Epicurismo e o Estoicismo são correntes marcantes da filosofia helenística, que buscavam a arte de viver e a tranquilidade da alma. Alguns filósofos importantes desse momento foram Epicuro de Samos, Sêneca, Epiteto, Diógenes de Sínope e o Imperador Romano Marco Aurélio.
Filosofia Medieval
A Filosofia Medieval foi desenvolvida principalmente — mas não exclusivamente — na Europa durante a Idade Média (do século V ao século XV). A característica principal da Filosofia Medieval é a experiência humana fundamentada na existência do sagrado. Essa perspectiva da filosofia medieval ficou conhecida como a Questão de Deus (ou Quaestio Dei em latim), que é a busca racional pela verdade que não se contradiz pela fé cristã.
Em um primeiro momento, no século V, a Filosofia Medieval é marcada pela Patrística, com os chamados “pais da Igreja”, influenciados pela Filosofia de Platão, da qual Santo Agostinho fazia parte. Em um segundo momento, a partir do século IX, surge a Escolástica, marcada pela influência de Aristóteles, da qual São Tomás de Aquino fazia parte.
Santo Agostinho, afirmava que a razão, sozinha, era limitada, mas poderia ser iluminada pela fé. Em outras palavras, a razão só atingiria as grandes verdades filosóficas se fosse apoiada pela religião cristã.
Por outro lado, São Tomás de Aquino, afirmava que razão e fé são independentes, mas que, quando bem aplicadas, chegam ao mesmo lugar, que é a constatação da existência de Deus. Fica claro que o tema fundamental da filosofia medieval gira em torno de questões religiosas, em especial de uma conciliação da razão grega com o cristianismo
Filosofia Moderna
A Filosofia Moderna tem uma certidão de nascimento: a publicação da obra Discurso sobre o Método em 1637, do filósofo francês René Descartes. O mundo ocidental dava sinais de profundas mudanças com o Renascimento reagindo à forte influência da Igreja no mundo intelectual e político. Mas será a partir de Descartes que a Era Moderna inaugura o modo racional e metódico de fazer filosofia, inspirado no método cartesiano, que viria mais tarde influenciar o método científico.
Nesse período, descobertas científicas e transformações políticas na Europa irão inspirar pensadores como Rousseau, Thomas Hobbes, John Locke, David Hume e Immanuel Kant, sempre baseados na forma racional e metódica que marcou a Filosofia Moderna. O iluminismo foi um dos movimentos mais marcantes desse período, seus integrantes acreditavam na disseminação do conhecimento e no enaltecimento da razão. Duas correntes filosóficas importantes da Era Moderna foram o Racionalismo e o Empirismo. Essas correntes de pensamento eram conflitantes entre si.
O racionalismo tinha como principais representantes René Descartes, Baruch Espinosa e Leibniz. Pare eles, a razão, sozinha, quando guiada de forma criteriosa e metódica, poderia guiar o homem de forma segura. Esses filósofos desconfiavam da realidade concreta, que poderia ser ilusória. Os empiristas, por sua vez, afirmavam que a realidade concreta ou empírica nos apresentaria a única forma possível de interpretar corretamente o mundo. Fazem parte do Empirismo os filósofos David Hume, John Locke e Francis Bacon.
Filosofia Contemporânea
A Filosofia Contemporânea surge no final do século XVIII. Tem como marco inicial a Revolução Francesa, em 1789. Engloba, portanto, os séculos XVIII, XIX e XX. A chamada “Filosofia pós-moderna” foi incorporada à Filosofia Contemporânea, reunindo os pensadores das últimas décadas. Esse período é marcado pela consolidação do capitalismo gerado pela Revolução Industrial Inglesa em meados do século XVIII. Com isso, torna-se visível a exploração do trabalho humano, que é um dos temas fundamentais da Filosofia Contemporânea.
Ao mesmo tempo, se vislumbra o avanço tecnológico e científico. Destacam-se: a eletricidade, o uso do petróleo e do carvão, a invenção da locomotiva, do automóvel, do avião, do telefone, da fotografia e do cinema. Esse período é marcado também por guerras e crises humanitárias, inaugurando a “crise do homem contemporâneo”, que é o surgimento do niilismo, do vazio existencial e da perda de sentido da vida.
Alguns temas importantes dos filósofos são: o poder político, religioso, econômico e cultural e a investigação da linguagem. Algumas correntes de pensamento marcantes desse momento são o Marxismo, o Positivismo, o Humanismo e o Existencialismo. Alguns filósofos simbólicos são: Friedrich Nietzsche, Schopenhauer, Hegel, Karl Marx, Jean-Paul Sartre, Wittgenstein e Foucault.
Os filósofos contemporâneos convocam o homem a tomar consciência de seus atos, assumindo a responsabilidade de valorizar a dignidade humana acima de tudo e lutar contra as poderosas e injustas estruturas de poder da Era Contemporânea.
Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.