FILOSOFIA

Epicuro: da infância simples à filosofia do prazer

Epicuro de Samos

Atenas enviou colonos para a região de Samos, onde ocorreu uma partilha de terras em 352 a.C. Entre eles estavam os pais de Epicuro (341-270 a.C), Néocles e Queréstrata. Apesar da linhagem nobre, eram uma família humilde.

Seu pai era um dos responsáveis pela educação dos filhos dos colonos. Ali nasceu Epicuro, criado no campo de forma simples. Por isso ficou conhecido como Epicuro de Samos.

Sua mãe era adivinha e curandeira, visitava as casas fazendo previsões, tratando os doentes e exorcizando espíritos malignos. Epicuro a acompanhava e  recitava as fórmulas mágicas dos pequenos rituais contra maldições. Tudo indica que teve uma infância feliz, apesar da pobreza, pois em seus escritos sempre demonstrou profunda gratidão aos pais pelas lembranças da infância.

A experiência com sua mãe fez o filósofo perceber, ainda criança, que a superstição e o temor pelos deuses eram fonte de sofrimento e infelicidade. Quando um de seus professores disse que tudo veio do Caos, conforme pregava a tradição grega, perguntou: “E o Caos, de onde veio?”, demostrando sua postura investigativa.

A vida no campo criou em Epicuro profunda admiração pela natureza e sua sabedoria. Tudo isso iria influenciar uma das maiores correntes filosóficas da antiguidade: o epicurismo.

A infância de Epicuro na ilha de Samos fez o filósofo criar uma doutrina baseada nos prazeres simples, na amizade, na moderação e no cultivo de boas lembranças como caminho para a felicidade. Para ele todo excesso, futilidade, superstição e egoísmo eram caminhos para o sofrimento.
Ilha grega de Samos: terra natal de Epicuro e Pitágoras.

A infância de Epicuro na ilha de Samos influenciou o filósofo a desenvolver uma doutrina baseada nos prazeres simples, na amizade, na moderação e no cultivo das boas lembranças como caminho para a felicidade. Todo excesso, futilidade, superstição e egoísmo são apenas caminhos para o sofrimento.

O epicurismo considera o prazer como bem supremo. Mas não se trata de prazer desenfreado, pois prazeres que posteriormente causam dores devem ser evitados, e dores que causam prazeres — como a força de vontade que evita o excesso — devem ser cultivadas.

AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.