As tecnologias digitais influenciaram profundamente nosso comportamento. Redes sociais conectam a todos, mídias de massa perdem espaço para internet, pessoas ficam viciadas em tecnologia e games, crianças aprendem a ler em tablets e músicos ficam famosos sem o intermédio de gravadoras. Parte de nosso mundo se tornou ciberpunk , e arte não poderia ficar de fora.
Edurado Kac é um artista brasileiro que já explorava a tecnologia digital antes mesmo da popularização da internet. Seus trabalhos interativos procuram causar impacto e estimular a curiosidade. Suas primeiras obras são de 1985, onde ele utilizou o videotexto. As pessoas podiam acessar um terminal, visualizar páginas de texto e mandar mensagens para outras pessoas. Hoje todos nós enviamos mensagens de celular e navegamos na internet, mas poucos perceberam as profundas mudanças que isso causou na sociedade. No entanto, naquela época Kac já percebia esse futuro.
Hoje esse artista explora também a engenharia genética, e nos adianta um mundo onde poderemos brincar com isso da mesma forma que brincamos hoje com a eletrônica. Kac mandou alterar geneticamente um coelho, tornando-o fluorescente, que foi batizado de Alba e causou polêmica. Criou também um kit para manipulação genética. Mais uma vez as pessoas se espantam com o óbvio, com algo que está acontecendo bem na nossa frente e não percebemos.
Uma das funções da arte nos dias de hoje é não deixar que as coisas aconteçam sem que nós possamos perceber. Devemos olhar para a arte tecnológica como uma possibilidade de realização futura, e decidir se queremos esse futuro ou não. Kac nos convida a refletir sobre o futuro e imaginar como a ciência e a tecnologia irão afetar nossas vidas e quais as suas implicações morais e éticas.